terça-feira, 25 de junho de 2013

Pesquisar ofertas de trabalho dá-me vontade de chorar de desespero. Só naquela.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Descobri que não gosto de redes sociais. Não tenho pachorra para gerir aquilo, lidar com a actualização seleccionada de 'amizades', ir apagando grupos, ver actualizações de pessoas que mal conheço e ter cuidado com o que se escreve. Descobri que não ajuda a fazer-me sentir melhor e, se alguma coisa, apenas me faz sentir pior. A rede de controlo denunciada por Edward Snowden não é algo completamente novo. O controlo social espelhado no olhar do vizinho, na opinião do colega, nas nossas inseguranças, o diz-que-disse de alguém aleatório ou uma conversa mal-interpretada. E sobretudo, a curiosidade. A vontade de perceber como serão os outros no seu quotidiano, se são felizes, correctos, arrumados, apressados, se gostam de copos, se gostam de livros, se trabalham, se estudam, o que seja. É esta mesma curiosidade que nos faz ver reality-shows, novelas ou filmes. Perceber-nos com o outro. Tentarmos identificar no outro características semelhantes às nossas ou defeitos distantes dos nossos. Ter de que falar. O facebook permite tudo isso e assume um papel preponderante na nossa vida. É parte integrante da nossa socialização com o mundo. Expômos parte de nós e já foram divulgados estudos que dizem ser possível definir um traço geral da pessoa através daquilo partilha. A National Security norte-americana simplesmente tentou aproveitar-se disso. Mas sejamos francos, há quanto tempo é que permitimos esse acesso? Já há muito que partilhamos, emitimos opiniões, mostramos fotos, confessamos gostos numa rede aberta na internet. Por muito assustadora que esta ideia possa parecer, o controlo total às informações pessoais, a monitorização da nossa privacidade é um conceito que existe há algum tempo. A permissividade e a complacência com que o permitimos, facilitando o acesso ao que é nosso é que é a origem do problema. Não é o uso do facebook, do instagram ou do twitter que é necessariamente prejudicial. As normas de privacidade, as definições de partilha que vão mudando discretamente de tempos a tempos deixando-nos atabalhoados e muitas vezes desprotegidos; o incentivo à partilha de mais, de melhor, mais regularmente, mais pessoal, é essa a principal ameaça. Lembro-me de quando se tinha medo da internet, um pouco à luz dos conselhos parentais de "não digas onde moras, cuidado com o que falas, não te encontres com estranhos" e o mundo online era, embora mais artificial, gerido com maior frieza. Nós já não nos encontramos com estranhos, abrimos-lhes as portas e convidamo-los a entrar. Com esta fuga de informação seria de esperar que houvesse alguma queda na utilização destas redes. Mas não, está tudo na mesma. A lógica do quem não deve não teme persiste. Tenhamos presente que o socialmente aceite hoje, pode não sê-lo amanhã. Estar numa base de dados universal, onde estranhos e organizações podem aceder ao nosso "perfil" tem tanto de útil e importante como de premissa de filme de ficção científica que nos é estranhamente familiar. Mas na verdade, teremos na figura de Snowden um herói ou um traidor? É aceitável que se utilize meios de partilha com uma intenção de prevenir ataques terroristas vasculhando dados que apenas queremos que amigos vejam? Ou é simplesmente uma invasão consciente à privacidade de cada um sem qualquer pudor? O intuito é prevenir ou vigiar? E enquanto funcionário de uma agência como a NSA, sob jura de confidencialidade, não será Snowden alguém pouco confiável? A derradeira questão é se devemos elevar este homem a estatuto de herói ou não. Poderá ter feito um enorme serviço público mas ele próprio ameaçou a integridade da organização a que pertencia. Foi um acto de altruísmo ou pura anarquia? A opinião pública americana divide-se no julgamento que faz a Edward Snowden. Mas questões éticas à parte, esta informação que nos foi desvendada tem de ser utilizada como um alerta geral. Não nos podemos esquecer do actual clima político-económico e da consequente repressão por parte das autoridade que se faz sentir um pouco por todo o mundo. Portugal, Grécia, Chipre, Turquia, Brasil. Os movimentos de descontentamento popular têm sido acolhidos de forma violenta e com certo desdém por parte de Governos e organismos transversais. Não apaguemos convenientemente da memória como aparelhos de censura nos limitaram a todos e demoraram anos até deixarem de nos toldar o comportamento. Mas no fim de contas, é a forma quase poética com que rapidamente descobrimos tudo isto - através das redes sociais - que nos mostra a fatalidade de tudo isto. Pessoas indivíduais, empresas, organizações, associações, grupos de amigos, contas bancárias, números de Segurança Social, caixas de correio, matrículas em estabelecimentos de ensino, dívidas, projectos, sonhos, frustrações. Está tudo na rede. Big Brother is watching you.

domingo, 2 de junho de 2013

Hoje está sol. Um dia lindo que anuncia o verão que há tanto se espera. São dias como os de hoje que nos levam a pensar que a vida tem muito mais sabor quando é vivida. Andei a fingir que vivia durante muito tempo, refugiando-me em vícios do corpo e da mente, não dando espaço a nada nem a ninguém que me fizesse sentir algo que não a dormência a que tanto me tinha habituado. A questão é essa; é o habituarmo-nos à dormência, à apatia. A tristeza é viciante, o desespero e a desmotivação vão-nos consumindo como qualquer outra droga. É sempre tão mais fácil fugir que lutar. Andei em círculos, a correr loucamente para lado nenhum, numa demanda imbecil por algo que me fizesse feliz e a insatisfação permanecia, aumentava gradualmente. De quem queria fugir desesperadamente era de mim mesma. Fugir de tudo o que me fazia mal e sobretudo de tudo o que me fazia bem. Se me isolasse, se não tivesse mais ninguém a quem prestar contas ou pedir auxílio, sentir-me-ia livre. Cria que era o mundo que me fazia mal, o outro (quem quer que ele fosse) apenas me fazia ficar mais louca e todos os laços emocionais que tinha criado, eram subitamente demasiado para mim. Não conseguia, não queria ter de lidar com isso. Ver espelhado nos olhos de quem me quer bem, a desilusão ou tão somente a tristeza de me ver assim, era demasiado para enfrentar. E, qual filme de final de tarde de Domingo, apareceste e deixaste-te ficar. Não escutaste os meus pedidos para te ires embora, para me deixares na angústia maníaca que me devorava a alma. Não, simplesmente deixaste-te ficar. Ao contrário de tudo, de todos e contra todas as expectativas, foste ganhando terreno sem dares conta. Mesmo com todas as tolices que te disse, que te fiz, tu ficaste mesmo assim. Fizeste-me acordar para uma nova realidade; a de que é possível amar. É possível ser-se amado e, se o amor não é para sempre, o impacto que causa é eterno. Já to disse imensas vezes e todas foram sentidas: fazes-me bem. Não quero depositar em ti o peso do meu passado mas és indubitavelmente o melhor que me aconteceu. A tua ternura, a tua paciência e a tua força, fizeram de mim melhor pessoa. Contigo sinto-me melhor pessoa. Devolveste-me o sorriso. Nada poderá retirar isso. Fazes-me sentir especial como ninguém e a confiança que tenho em ti é a melhor dádiva do mundo. O teu amor, o meu amor, o nosso amor. O que temos é duma preciosidade única e, contigo, reaprendi a viver. Um beijo teu, o teu toque, o teu cheiro, as tuas palavras de carinho são o sol dos meus dias. Dás-me calor e vontade de viver, coragem e alento para continuar mesmo quando tudo parece estar perdido. Adoro-te, amo-te. Gosto de ti. És um pequeno tesouro que me foi dado a descobrir. É um privilégio enorme ter-te comigo e o teu coração é uma relíquia que tenciono guardar com o maior dos cuidados. A verdadeira sortuda aqui sou eu. É bom viver a vida, voltar a sentir-me bem na minha pele e reconstruir aos poucos o que outrora era tão certo. A vida é particularmente boa de se viver contigo nela. Dás sabor ao meu pequeno mundo.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Propus-me, em colaboração com um amigo, a escrever um conto infantil. Por coincidência, está neste momento a organizar-se também um jantar com a minha turma da primária e respectiva professora. Dei por mim, enquanto pensava na estruturação do conto e neste feliz acaso, a tentar voltar à mente de uma criança, a tentar perceber o que captaria a minha atenção e o que eu gostaria de ler. Tentei voltar a ser pequenina e pensar como pensava. Não consegui. Lembro-me de como era, de pormenores e situações que julgava já ter esquecido mas o que realmente não consigo reviver e sentir plenamente é toda aquela ingenuidade. Acredito pouco na inocência das crianças mas recordo-me da ingenuidade sentida. Acho que todos nós gostávamos de poder viajar no tempo e reviver algumas coisas. No meu caso, gostava de voltar a sentir toda aquela ingenuidade e a sensação de futuro distante, o "ainda falta até ser grande". Geralmente quando alguém fala nessa possibilidade, o pretexto seria não ter problemas. Não ter problemas? Todas as crianças têm problemas. Desde cedo que há sempre qualquer coisa que nos atormenta, seja a caderneta de cromos que não há meio de terminar, seja o intervalo grande ser pequeno demais para todas as brincadeiras que tencionamos fazer ou, numa visão menos romântica da coisa, o menino que goza connosco ou aquela disciplina onde não prestamos para nada. Se tentarmos medir a felicidade, se é que esta é de alguma forma mensurável, então claro que em criança somos mais felizes que em adultos. Eu em criança era bem mais feliz. Mas todo aquele floreado que se constrói em torno da infância, perdoem-me mas é treta. A minha infância foi terrível. A minha puberdade foi um verdadeiro teste à vontade de viver. A adolescência idem. Claro que quando for velhinha e não me conseguir mexer, vou recordar lunaticamente uma felicidade extrema que na verdade nunca vivi e sentir-me estupidamente saudosista. Acho que se resume um bocado à sensação de termos a nossa vida toda pela frente, àquela esperança de que as coisas vão melhorar e tudo vai ser lindo e perfeito como sempre sonhámos. Não, não vai. Depois da perda dessa ingenuidade e dessa esperança, com o passar dos anos e à medida que vamos percebendo a maldade que existe nos outros, a pressão que temos, as frustrações que vamos acumulando, os corações partidos e as decepções, percebemos que já não somos crianças. Lá no fundo, nunca fomos tão crianças assim. E o presente e o futuro, foram construídos com essa infância que cedo nos despertou para a desilusão. Nada é lindo e perfeito mas a capacidade de sonhar dá-nos alento. Somos adultos miseráveis porque deixamos de sonhar e de acreditar. A vida é feita de dor e desapontamento mas é a forma como lidamos com isso que faz de nós verdadeiramente crescidos. As coisas boas devem ser suficientes para reforçar o sonho e lembrar-nos que o futuro continua lá, à nossa espera. O futuro começa no presente.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Checking, checking... One, two, three. Primeiro post sem sentido, uma espécie de mic check por escrito. Reconhecer os cantos à casa, instalar-me comodamente e vamos lá começar. A vida são dois dias, o Avante são três e este blog tem tudo para esticar a corda até aos quatro.