terça-feira, 15 de abril de 2014

As crónicas do Miguel Esteves Cardoso no Público são, assim a grosso modo, a coisa mais fútil, mais sensaborona e sem qualquer propósito que li. Ele é british breakfasts, ele é bacalhau no restaurante do Porto, ele é opiniões baratas... Não é só o amor que é fodido. Fodido é ver que há gente paga para tão somente existir e falar, mesmo que não diga nada.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Eu devia escrever mais, alivia o stress da vida da pessoa. E que stress. E que vida! O tempo passa rápido demais. A última vez que me dignei a vir aqui escrever alguma coisa, foi há cerca de 10 meses. Desde aí, muita coisa mudou. Terminei a licenciatura, iniciei um estágio, arranjei um part-time, saí de casa, vou mudar de casa (casa com quintal, viva o luxo!) e experiencei toda uma panóplia de vivências que me marcaram muito e me fizeram encarar as coisas de outra forma. As coisas por escrito parece que soam sempre melhor; em papel, até me estou a safar bem. Na prática, tudo o que mudou, sinto que foi para pior. Estou (mais) anti-social, ando exausta, estafada e as vitórias que vou tendo, não tenho ânimo para saboreá-las e, para dizer a verdade, pouco ou nada me dizem. Se calhar a Stilwell e o amiguinho psicólogo têm razão e nós achamos sempre que o nosso valor facial é maior do que aquele que realmente é. Há que começar por baixo, dizem. Tenho para mim que quem em baixo está, dificilmente de lá sai - e isso aplica-se a muita coisa. Penso demasiado em muita coisa, tudo ao mesmo tempo e há sempre um enorme burburinho na minha cabeça. Para agravar a coisa, sou amarga, rancorosa, de mal com a vida e tudo e todos me irritam. Não gosto de me fazer de vítima mas também só me sei é queixar. Mas porra, como é que é suposto uma pessoa sentir-se feliz com a vida? Estudas uma data de anos e quando arranjas trabalho, pagam-te uma ninharia por um part-time em que te esfolas e desgastas. Depois, apregoam-te a "oportunidade de contactar com o ambiente real de uma empresa"... a trabalhar de borla. Para finalizar, quando são uns bons samaritanos e te oferecem um trabalho a tempo inteiro, fazes contas à vida e constatas que mais valia teres ficado com o part-time inicial. E o que é que podemos fazer em relação a isso? Aceitar, sorrir muito e demonstrar um entusiasmo como se te tivessem dito que ias ganhar uns quantos milhares só pelos teus lindos olhos. Eu não quero ser rica mas ganhar mal e trabalhar muito cada vez me parece pior. O grande dilema dos últimos meses prende-se precisamente com o facto de eu achar que não gosto de trabalhar (mas não digam a ninguém que "parece mal"). Pá, não gosto. E digam-me quem gosta que quero ter uma conversinha com essa pessoa e perguntar qual é o segredo. Parafraseando uma superior minha numa das múltiplas experiências felizes com o mundo do trabalho não-qualificado, óviamente que uma pessoa tem de trabalhar. Óviamente que sim. Mas entre trabalhar e ser máquina ou papagaio, há uma diferença. O grande problema, é que na vida real e neste Portugalinho medíocre de pessoas qualificadas em demasia, essa diferença não existe. Para ganhares bem, tens de ter cunhas, fuçares bem na lama e depois trabalhares 16 horas por dia - para além do uniforme a preceito que vem sempre com a função, a gravatinha pró menino e o saltinho prá menina. Para sobreviveres medianamente, tens de trabalhar 10 horas por dia e comer muito atum. Para viveres mal como o resto, não é preciso grande ciência. Mas o sorriso é muito importante. Não deixem de sorrir que o empregador misericordioso que vos dá o suficiente para umas parcas compras no supermercado estrangeiro ao fim do mês não curte gente mal encarada. Outra dica importante, é a capacidade de trabalhar em equipa. E ser competitivo. Portanto, em grupo mas a tentarem tramar-se uns aos outros, ok? Sempre que possam destacar-se do colega, aproveitem-no! Se com isso, vier uma tacada off the record para lixar o outro gajo (porque se o outro gajo se lixar, é menos um a querer ir ao tacho), melhor ainda! Sorridentes! Felizes e gratos por trabalharem. Mas é assim, as coisas estão a compôr-se. Em breve, eu vou ter apenas um trabalho que me permite ter os fins de semana livres. Estranho mundo este em que se fica tão feliz por se saber que não se trabalha ao fim de semana... Sinais dos tempos modernos. Pois eu cá já 'tou como a lebre de São Bento, oportunidade é o que isto é. Vou empreender no sono de beleza ao sábado de manhã que quando tiver rugas ninguém me dá trabalho.

A semana passada fiz conta no LinkedIn. Ontem, no Twitter e no Instagram. Sou uma vendida.